segunda-feira, 7 de maio de 2012

O conto que contamos - Parte I - by L.A. e Ana Corujo

Experiência nova, minha amiga Ana Corujo do BLOG Cotidi-Ana - http://anaflaviacorujo.blogspot.com.br/2012/05/o-conto-que-contamos.html - me convidou para escrevermos um conto juntos. Confesso que me lembro direito a diferença entre esses estilos de texto (minhas professoras do Bandeirantes me matariam agora!) mas como gosto muito dela e dos seus textos, aceitei. Essa é a primeira parte. Ela quer que eu escreva 1 por semana.
Tomara que dê certo!


Ela....

Sai do taxi e meu celular apitou. Era uma mensagem da Claudinha dizendo que estava presa no trânsito para eu aguardá-la no bar.

Quarta-feira, quase 20h, happy hour lotado e dia de final de algum campeonato de futebol.

Esperar a Claudinha sozinha no bar era algo meio constrangedor, para uma morena “classuda” como eu.

O local estava lotado, mas avistei uma cadeirinha no bar ao lado de um moreno interessante com ombros largos em seu celular.

Tracei uma reta e me sentei ao seu lado.

Pedi uma capevodka de caju com adoçante, “caju amigo” para os íntimos. Puxei o celular e lá fiquei twittando, postando no facebook, mandando mensagens para a Claudinha e também observando o ambiente – Afinal, precisava oxigenar a mente e me esquecer do trabalho, que anda nada amigo.

Não sei se foi minha blusa verde de seda, a altura ou os cabelos longos que chamaram a atenção do tal moreno interessante com ombros largos. Mas, que ele deixou seu celular de lado por alguns instantes e me olhou, isso ele deixou.

Nada da Claudinha e da companhia do moreno aparecerem. Já havia reparado na sua roupa amarrotada com gola torta, e escutado seu papo de trabalho pelo celular. Cruzamos umas cinquenta vezes os olhares. Pedimos uns quinze drinks para o pessoal que chegava ao bar - e,  ainda nesse período, driblei umas cinco cantadas... ok, falando a verdade, foram duas.  

Morri de rir quando o moreno interessante falou para algum cara do trabalho que ligava - muito provavelmente estagiário: “minhoca não tem perna, mas anda”. Impossível de minha parte não interagir depois dessa.

Não sabia o motivo para o tal comentário, mas com toda habilidade e receptividade, o moreno interessante, aparentemente interessado; puxou sua cadeira para mais perto, deixou de atender as ligações e solicitou todo íntimo do “caju amigo”, outra capevodka de caju com adoçante para mim.

Achei uma graça a sua percepção, ainda mais acompanhada de um sorriso charmoso e com covinhas.

E a Claudinha?

A caminho. Mas, sei lá.... bem que ela podia.... de repente... desistir de aparecer.




Ele....

Já estava esperando o Rafael no bar fazia quase 40 minutos. Nem era a espera o que mais estava me incomodando. Era o fato de ele ter me feito chegar lá às 19h porque precisaria ir embora cedo. Todo mundo que me conhece sabe que eu nunca consigo chegar antes das 21h. Essa história de HH direto do trabalho não é muito comigo.

Eu havia saído mais cedo, estava no bar lotado, sozinho e trabalhando no celular. Rafael estava atrasado e, se viesse (sempre digo que ele é o Rei do Cano), ainda iria embora cedo.

Nesse meio tempo, enquanto eu estava distraído com meu trabalho (ou será que estava concentrado no meu trabalho?), uma morena “classuda”, de cabelos longos aparentando ter 1,78 cm se sentou na cadeira ao lado.

Ela chegou sozinha com uma blusa verde bandeira de um tecido meio brilhante. Foi a blusa o que mais me chamou a atenção. Meu amigo Daniel diria: “meio gay esse seu comentário” mas a blusa era realmente espalhafatosa. 

Com certeza essa morena não é daqui, pensei. As meninas em São Paulo não usam roupas tão coloridas. Estão sempre de roupas escuras, de preferência pretas. Além disso, ela pediu uma “capevodka de caju com adoçante” quando uma paulistana pediria um “caju amigo com adoçante”.

Meu palpite? Carioca!

Nesse meio tempo entre trabalho, morena classuda e bar cheio, Rafael me liga avisando que não sabia se poderia ir porque havia ficado preso no escritório. Fiquei bastante irritado e disse, alto: “minhoca não tem perna mas anda!”

De onde eu tirei isso?!?!

A frase certa deveria ter sido: “Se vira; você não é quadrado!”

De qualquer maneira, frase certa ou frase errada, falei alto de mais e todo mundo, inclusive a morena classuda ouviu. Resultado? Ganhei um lindo sorriso e aquela oportunidade única de interagir com alguém possivelmente interessante.

Para me aproximar, puxei minha cadeira para mais perto, deixei meu celular e o Rafael de lado e pedi mais um “caju amigo”.

3 comentários:

Fernanda disse...

Gostei muito do texto! O que achei mais interessante foi poder "entrar na mente" de cada um dos personagens e acompanhar dois pontos de vista da mesma situação! Vou adorar ler um texto por semana! Boa sorte!
Abraços Fernanda Glaessel

Pestaninha disse...

Blusa verde de seda X blusa espalhafatosa brilhante...
Prefiro assim...se falasse verde de seda ai sim seria bibona!

Pestaninha disse...

Blusa verde de seda X blusa espalhafatosa brilhante...
Prefiro assim...se falasse verde de seda ai sim seria bibona!