quinta-feira, 24 de maio de 2012

O conto que contamos - Parte FINAL - by L.A. e Ana Corujo

Só posso agradecer a musa Ana Flávia Corujo pela inspiração e coragem de fazermos essa "brincadeira". Espero que ela tenha gostado tanto quanto eu!
BLOG Cotidi-Ana


No último parágrafo do texto, João Vicente faz referência a um texto que ele leu. Aos interessados -  apaixonado (?) by L.A.

Para quem não leu a PARTE II do conto que contamos - PARTE II

Ao escrever essa parte final, já me vejo com saudades de Márcia e João Vicente; mais dela do que dele. Saudades daquele seu charme "faroeste caboclo" com ginga carioca e do jeito que ela me fez sentir.

Ele...




Conversamos de absolutamente tudo!

Ela era de família grande e convencional, oposta a minha que também é grande mas nem tão convencional assim. Apaixonada por cavalos e cães (me mostrou a foto de algo que ela diz ser um cachorro e eu fiz cara de quem acreditou). Tem medo de moto mas disse que me deixaria levá-la para dar uma volta. Disse que cozinha bem mas que era melhor eu não arriscar porque poderia me apaixonar. Contei a ela tudo sobre minha paixão por longas viagens de carro e ela, delicadamente, fez cara de interessada.

Até planos de viajar fizemos!

Ela ficou de me mostrar o Rio de Janeiro, mesmo eu afirmando que vou para lá quase todo mês. Eu fiquei de apresentar Paraty e suas peculiaridades arquitetônicas. Ficamos de descobrir juntos um museu de nome engraçado (que não me lembro mais) perto de Belo Horizonte.

Claro que é cedo para tudo isso, mas a conversa está animada. Estamos nos divertindo. Por que nos ater apenas ao que faz sentido? Ao convencional? Aliás, quem é que decide o que faz ou não sentido, o que é convencional? O que podemos ou não conversar?

Estamos simplesmente nos deixando levar.

E por falar nisso, muita conversa, mãos dadas, pernas encostadas por baixo da mesa, filezinho e porção mista de pasteis, mas nada de beijo na boca.
Sei que a culpa é minha. Quer dizer; sei que a responsabilidade é minha. Um amigo meu sempre diz: “O papel do homem é tentar; o da mulher é dizer não (se não quiser)”. Mas o fato é que sou péssimo nessa hora.

Resolvi propor um desafio: “Vamos pedir tequila?”

Ela aceitou. Quando a bebida chegou eu disse: “Body shot?”

Que sorriso maroto ela me deu!

Um pouco de sal no seu ombro, tomei a tequila e busquei, comportadamente, o limão em seus lábios. Era a vez dela.

Um pouco de sal no meu pescoço, tomou a tequila e então explodimos em um delicioso (e nada comportado) beijo. Aquele beijo forte, molhado, interminável.
 
Sempre acho “primeiros beijos” um assunto delicado. Tô colocando a língua de mais ou de menos? Abrindo a boca de mais ou de menos? Que diabos de movimento é esse que ela está fazendo? Tá me beijando ou tá me lambendo?!

Com Márcia não teve nada disso. Pelo menos para mim, nosso beijo era perfeito. Era como se fôssemos amantes de longa data que haviam acabado de se reencontrar no aeroporto depois de uma longa viagem separados. Tudo naquele beijo me era familiar e ao mesmo tempo tinha sabor de novidade.

As pernas não estavam mais apenas enconstadas por baixo da mesa. Nossas mãos já haviam se esquecido umas das outras e buscavam pernas, costas e nucas. Conversar era a última coisa que nossas bocas desejavam.

Não sei precisar quanto tempo ficamos assim. Mas sei que o bar ficou inapropriado para nós dois e resolvemos que era hora de irmos embora.
 
“Você me leva? Vim de taxi”. Disse ela.

O que mais eu poderia querer ouvir?!

Grande amigo e solteiro convicto, Luiz, escreveu recentemente um texto no qual dizia: “se aparecer uma Morena Linda, parceira e de sorriso fácil, talvez eu me apaixone...”

Com essa frase na cabeça, andando de mãos dadas, e um gosto delicioso na boca, fomos para o meu carro.

Ela...

Depois de conversarmos sobre estarmos solteiros, planos futuros e sua irmã Lu, percebi que João Vicente estava dando satisfação. Pontuando algumas coisas para que eu entendesse seu interesse. E talvez seja essa sutileza que me encanta nos paulistas.

Nossa conversa parecia um jogo de frescobol de perfeito entrosamento. O papo fluía fácil, quando um falava, o outro continuava, ou completava. Até quando as palavras faltavam ele ia lá e as pegava para mim. Estava sendo uma descoberta descobri-lo. Desde o fim com o Fabrício que eu não me encaixava tão bem com alguém.

Me diverti com as histórias dele de família, totalmente diferente da minha, família de Goiânia é tudo meio matuta, certinha. Já a dele parece ser aquela coisa meio junto e misturada, meio calça de moletom, sabe? Gostosa demais, mas que pode passar vergonha às vezes na rua. Quando que meu pai levaria minha mãe para andar de balão no dia das mães com primo, neto, cachorro e papagaio? No máximo faríamos um passeio com os cavalos da fazenda até uma cachoeira – local que quase não vamos mais depois que mudamos para o Rio.

Mas, minha paixão continua viva lá na Hípica e adoraria que João Vicente conhecesse a Dorothy, e quem sabe, desse uns saltinhos com ela. Mas para mim, andar de pedalinho na Lagoa ou dar uma volta com o Astor já estava mais do que suficiente.

Às vezes essa afinidade toda muito rápida me assusta. Estava solta e travada ao mesmo tempo. Acreditava não acreditando naqueles planos todos, inclusive de viagem e descobertas de museus em Minas Gerais, não sei literalmente de onde tirei essa ideia louca! Homens costumam fazer de tudo para ganhar uma mulher, possuem tantas habilidades que conseguem seduzir até uma samambaia.  Porém, mesmo cética, era fato que eu estava envolvida quase apaixonada a ponto de cozinhar um banquete para ele de cinta liga.

Até que página acreditamos e nos deixamos levar como se fosse um “encontro de almas”? Até a página que ele não liga no dia seguinte depois do sexo, nos deixando apenas com a plaquinha do “Eu já sabia”? Ao mesmo tempo ao continuar cética assim, me fecho para encantamentos maravilhosos e coisas possíveis. Triste dilema dos apaixonados calejados que acreditam muito no amor, mas que no fundo acham que não é para eles.

Minha cabeça não parava de pensar entre o posso ou não posso, nossos corpos davam choques agora só de se esbarrarem e através dos olhares nos devorávamos. Não enxergava ou ouvia mais nada ao redor daquele bar. Sua boca ao falar já estava em 3D para mim e agora só tinha um pensamento que me atormentava: “Por que esse cara não me beija?”

Quando ele me propôs o desafio de bebermos tequila, saquei na hora. Ele está muito interessado. Homens pouco tímidos quando envolvidos, perdem o jeito de chegar em uma mulher, acho eu. Aí precisam de um empurrãozinho para se soltar. Achei ótimo, pois eu também estava precisando de um mata leão nos malditos pensamentos.

Quando ele falou “body shot”? Tive que rir!

Não teve jeito, não podia ser diferente, ao mesmo tempo em que a tequila queimou até a espinha João Vicente me dominou por inteira com o beijo mais agridoce dos últimos tempos. Esqueci onde estávamos, que tava fora da cidade e que trabalhava amanhã. E foi muito bom me sentir viva, pulsando.

Nós mulheres nos preocupamos tanto com tantas coisas - que esquecemos de dar valor quando realmente nos interessamos por alguém. Acho tão difícil isso acontecer hoje em dia que passei a ficar feliz quando quero ir para cama com alguém de primeira.

Só sei que não queria desgrudar dele ainda. Saíamos do bar e caminhando pela rua com as mãos frias e suadas de nervoso, nos olhamos e sem pensar entrei em seu carro. 





  

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O conto que contamos - Parte II - by L.A. e Ana Corujo

Passada pouco mais de uma semana consegui terminar minha parcela deste conto que contamos. Ana Corujo já estava ficando um pouco impaciente comigo.

Aliás, se fosse você, lia lá no BLOG Cotidi-Ana, porque ela escreve beeem melhor do que eu!

http://anaflaviacorujo.blogspot.com.br/2012/05/o-conto-que-contamos.html?spref=fb

Para quem quiser ler a PARTE I - http://pestanices.blogspot.com.br/2012/05/o-conto-que-contamos-parte-i-by-la-e.html

Ela...

Quarto “caju amigo” e sei lá quanto tempo de papo, muito agradável por sinal, com o charmoso moreno com ombros largos.

Do bar fomos para uma mesa esperar nossos amigos.

Meu estomago estava grudado no cérebro e eu ia ter a qualquer momento uma crise de hipoglicemia de tanta fome. Mas, mesmo tendo comido apenas um sanduiche, estilo amostra grátis no trabalho hoje, jamais pediria qualquer belisquete sem que João Vicente sugerisse. Moreno, covinhas, simpático e João Vicente... pagar de gordinha feliz, de jeito nenhum!

Rafael, seu amigo, havia confirmado o cano. Já Claudinha continuava no gerúndio. Mas, eu sabia que esse gerúndio tinha um nome – Gustavo, e por isso, resolvi informa-la que fui para casa para poder focar no papo com João Vicente – encerrando o assunto Claudinha.

Finalmente João Vicente falou: “Nossa! O papo esta tão bom que até esquecemos de pedir alguma coisa para comer... estou morrendo de fome! Vamos pedir algo? Aqui tem um filezinho delicioso”.

Adorei. Além de sanar a fome, percebi que estava agradando. E uma coisa ele estava certo, o papo, ops! O filezinho de lá era delicioso.

João Vicente, definitivamente não gostava de futebol, porque nem olhou os três gols do São Paulo, ou ligou para os Corintianos frustrados berrando. Ficamos falando de trabalho, vida, viagens, eixo Rio- São Paulo... e ...carinhosamente trocamos alguns toques.

Ele é gerente de marketing de uma multinacional, mora no Jardins, mas já morou em Londres pela empresa. Tem família carioca, ama o Rio, viaja sempre nos finais de semana e não possui rastros de qualquer aliança no dedo. Uhmmm... a idade? Aparentemente a mesma que a minha.

Aconteceu algo engraçado. Antes do filezinho, pedimos um caldinho de feijão - acho que ele percebeu que eu estava mais “pra lá do que pra cá”. Mas, o que ele não percebeu é que, pós-caldinho de feijão, uma casquinha havia ficado em seu dente. Nada muito gritante, mas a “casquinha amiga” estava lá há horas em seu sorriso branco conversando comigo. Fiquei naquela “falo, não falo”. Nunca sei o que fazer numa hora dessas. Porém, quando ele foi ao banheiro, deve ter visto e a retirou.

Fingi que não tinha percebido seu ar sem graça e para cortar qualquer desconforto comentei que nunca tinha gostado tanto de um cano. E ele riu tranquilamente.

Definiria João Vicente Oliveira, sim! Ele já me adicionou no facebook - como uma combinação interessante de paulista-carioca. Seu jeito é muito mais carioca - pela leveza, humor e não formalismos ao falar das coisas; mas, sua educação e presteza totalmente de paulista.

“Adicionar no facebook”... no mundo moderno agora é assim -  entendo, curto, mas não sei se compartilho. Ainda prefiro que peguem meu telefone. Mesmo correndo o risco de não ligarem, não saber os amigos em comum, ou não poder ver nenhuma foto de mil novecentos e bolinhas.... – ainda sim, descobrir as pessoas aos poucos me atrai.

Já eram quase onze horas e depois de perceber umas quatro ligações de uma tal de Luciana em seu celular, resolvi deixa-lo atender e ir ao banheiro.

Confesso que estou bastante interessada, já ele não sei, paulista é muito discreto nesse aspecto. Mas, deve ter namorada... os bons já estão sempre ocupados.... e nem no facebook posso entrar do banheiro para confirmar o fato, pois a maldita conexão da TIM não pega aqui dentro!

Ele ...

Passadas duas horas de papo, eu já estava na segunda vodka com energético e, tanto eu como ela, precisávamos comer alguma coisa.

Na verdade eu já estava com fome fazia bastante tempo mas sempre acho chato pedir comida quando a garota ainda não manifestou interesse em pelo menos um canapé de carpaccio. Vai entender porque elas gostam tanto disso. Por mim, andava sempre com um x-bacon no bolso!

De qualquer maneira, usando a desculpa de que já havíamos bebido bastante, pedi para o Flávio me arrumar uma mesa.

Não sabia se a amiga de Márcia viria ou não, mas Rafael eu já havia desmarcado fazia tempo!
A conversa estava ótima, já estávamos bastante à vontade, mãos e braços já se encontravam a toda hora. A essa altura, Rafael só iria me atrapalhar.

Eu havia quase acertado a origem de Márcia. Nascida em Goiânia, morava no Rio de Janeiro já fazia mais de dez anos. Com isso, combinava aquele charme meio “faroeste caboclo” com a ginga carioca. Mostrou-se bastante animada ao saber que eu tenho família no Rio e que estou sempre por lá.

Arquiteta, adorava os centros das cidades e conhecia o de São Paulo bem melhor do que eu. Aliás, sabia quase todas as exposições em cartaz tanto em São Paulo quanto no Rio.

Fui ao banheiro (acho que minha bexiga é minúscula!) e me deparei com uma casquinha de feijão bem no meu dente da frente. KCT! Havíamos pedido caldinho de feijão já fazia tempo e a menina nem para me avisar! Bom, paciência.

Voltei para a mesa meio sem graça e Márcia comentou que nunca havia gostado tanto de levar um cano. Pude rir com a certeza (e o alívio) de que meus dentes estavam limpos!

Conversamos por mais algum tempo e era a vez dela de ir ao banheiro. Confesso que o fato de as mulheres conseguirem segurar por bem mais tempo do que os homens me causa certa inveja. Excluídas as dificuldades logísticas, quase nunca se vê uma mulher desesperada no meio da rua ou da estrada.

Aproveitei para retornar as ligações da minha irmã. A Lu parece que sente quando vai ser inconveniente e me liga. Quando eu não atendo, liga sem parar. Tudo bem, amo minha irmã; dizem por aí que somos nós que escolhemos a família que vamos ter.


Aproveitei também para dar uma rápida olhada no Facebook . Hoje em dia é assim; apenas 2 pessoas na mesa? Uma delas levantou? Todo mundo para o Facebook; pode reparar.

Descobri que ela é solteira.

Quando voltou perguntei a quanto tempo e a resposta foi a seguinte:

“Faz um ano. Agora que estou me acostumando com a vida de solteira. Adoro a liberdade, o poder decidir o que quero fazer. Definitivamente preciso ficar um tempo sozinha.”

Já estou solteiro faz quase cinco anos. Por mais interessada que ela pareça neste momento, sei exatamente o que esse discurso significa porque já o usei mais de uma vez...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O conto que contamos - Parte I - by L.A. e Ana Corujo

Experiência nova, minha amiga Ana Corujo do BLOG Cotidi-Ana - http://anaflaviacorujo.blogspot.com.br/2012/05/o-conto-que-contamos.html - me convidou para escrevermos um conto juntos. Confesso que me lembro direito a diferença entre esses estilos de texto (minhas professoras do Bandeirantes me matariam agora!) mas como gosto muito dela e dos seus textos, aceitei. Essa é a primeira parte. Ela quer que eu escreva 1 por semana.
Tomara que dê certo!


Ela....

Sai do taxi e meu celular apitou. Era uma mensagem da Claudinha dizendo que estava presa no trânsito para eu aguardá-la no bar.

Quarta-feira, quase 20h, happy hour lotado e dia de final de algum campeonato de futebol.

Esperar a Claudinha sozinha no bar era algo meio constrangedor, para uma morena “classuda” como eu.

O local estava lotado, mas avistei uma cadeirinha no bar ao lado de um moreno interessante com ombros largos em seu celular.

Tracei uma reta e me sentei ao seu lado.

Pedi uma capevodka de caju com adoçante, “caju amigo” para os íntimos. Puxei o celular e lá fiquei twittando, postando no facebook, mandando mensagens para a Claudinha e também observando o ambiente – Afinal, precisava oxigenar a mente e me esquecer do trabalho, que anda nada amigo.

Não sei se foi minha blusa verde de seda, a altura ou os cabelos longos que chamaram a atenção do tal moreno interessante com ombros largos. Mas, que ele deixou seu celular de lado por alguns instantes e me olhou, isso ele deixou.

Nada da Claudinha e da companhia do moreno aparecerem. Já havia reparado na sua roupa amarrotada com gola torta, e escutado seu papo de trabalho pelo celular. Cruzamos umas cinquenta vezes os olhares. Pedimos uns quinze drinks para o pessoal que chegava ao bar - e,  ainda nesse período, driblei umas cinco cantadas... ok, falando a verdade, foram duas.  

Morri de rir quando o moreno interessante falou para algum cara do trabalho que ligava - muito provavelmente estagiário: “minhoca não tem perna, mas anda”. Impossível de minha parte não interagir depois dessa.

Não sabia o motivo para o tal comentário, mas com toda habilidade e receptividade, o moreno interessante, aparentemente interessado; puxou sua cadeira para mais perto, deixou de atender as ligações e solicitou todo íntimo do “caju amigo”, outra capevodka de caju com adoçante para mim.

Achei uma graça a sua percepção, ainda mais acompanhada de um sorriso charmoso e com covinhas.

E a Claudinha?

A caminho. Mas, sei lá.... bem que ela podia.... de repente... desistir de aparecer.




Ele....

Já estava esperando o Rafael no bar fazia quase 40 minutos. Nem era a espera o que mais estava me incomodando. Era o fato de ele ter me feito chegar lá às 19h porque precisaria ir embora cedo. Todo mundo que me conhece sabe que eu nunca consigo chegar antes das 21h. Essa história de HH direto do trabalho não é muito comigo.

Eu havia saído mais cedo, estava no bar lotado, sozinho e trabalhando no celular. Rafael estava atrasado e, se viesse (sempre digo que ele é o Rei do Cano), ainda iria embora cedo.

Nesse meio tempo, enquanto eu estava distraído com meu trabalho (ou será que estava concentrado no meu trabalho?), uma morena “classuda”, de cabelos longos aparentando ter 1,78 cm se sentou na cadeira ao lado.

Ela chegou sozinha com uma blusa verde bandeira de um tecido meio brilhante. Foi a blusa o que mais me chamou a atenção. Meu amigo Daniel diria: “meio gay esse seu comentário” mas a blusa era realmente espalhafatosa. 

Com certeza essa morena não é daqui, pensei. As meninas em São Paulo não usam roupas tão coloridas. Estão sempre de roupas escuras, de preferência pretas. Além disso, ela pediu uma “capevodka de caju com adoçante” quando uma paulistana pediria um “caju amigo com adoçante”.

Meu palpite? Carioca!

Nesse meio tempo entre trabalho, morena classuda e bar cheio, Rafael me liga avisando que não sabia se poderia ir porque havia ficado preso no escritório. Fiquei bastante irritado e disse, alto: “minhoca não tem perna mas anda!”

De onde eu tirei isso?!?!

A frase certa deveria ter sido: “Se vira; você não é quadrado!”

De qualquer maneira, frase certa ou frase errada, falei alto de mais e todo mundo, inclusive a morena classuda ouviu. Resultado? Ganhei um lindo sorriso e aquela oportunidade única de interagir com alguém possivelmente interessante.

Para me aproximar, puxei minha cadeira para mais perto, deixei meu celular e o Rafael de lado e pedi mais um “caju amigo”.